Tonle Sap Lake, o maior lago de água doce do sudoeste asiático, com uma área de 2700 km2, é um sitio absolutamente surreal. Parece ter saído diretamente de um filme de outra era. Ou melhor, quando lá chegamos, parece que entrámos num filme.
Este lago, inundado sazonalmente, está ligado ao rio Sangker e ao rio Tonle Sap, que muda de direção ao longo do ano. Na época das monções, o rio Mekong, onde geralmente desagua o Tonle Sap, vê o seu caudal aumentar de tal forma que o fluxo deste último, um rio mais pequeno, é invertido para escoar a água em direção ao Norte, inundando o lago.
Não será surpresa que um corpo de água tão vasto possa assumir uma tão grande importância num país pobre como o Cambodja. O ecossistema rico, a abundância de peixe e de outros recursos atraiu e fixou uma população que se adaptou a uma vida na água.
Quando chegamos a uma vila flutuante e olhamos à nossa volta vemos casas, lojas, restaurantes, entre outras coisas. Não parece faltar nada, excepto terra firme. Por isso mesmo, encontrar e visitar Tonle Sap Lake terá sido a maior surpresa da nossa viagem, que havia começado umas semanas antes na Tailândia. Os poucos dias que tínhamos reservado para Siem Reap, não davam para muito mais do que explorar Angkor Wat. Esse era o nosso plano e, no tempo de sobra, explorar a periferia, ver os memoriais do genocídio e um show de dança.
Tour no Tonle Sap Lake
No dia que fomos visitar os memoriais decidimos continuar a seguir a estrada para explorar a zona. A dada altura algo nos chamou atenção. A estrada acabava ali, perante um corpo de água, com pequeno porto de onde saiam velhos barcos de madeira. Decidimos ir espreitar, saber para onde seguiam, quando dois jovens nos abordaram, propondo-nos um tour de barco.
Não sabíamos que lago era aquele, nem tínhamos noção da sua dimensão. Quando processámos as idades do capitão e do primeiro imediato e ouvimos o estalar da tábua que colapsou com o peso do meu pé, soubemos que ia ser uma experiência, no mínimo, imersiva. O barco saiu do porto e entrou num mangal. Começámos a ver pescadores em pequenos barcos mas a surpresa foram as casas flutuantes, que até pareciam ser habitadas.
Mais à frente ao sair da garganta do mangal depará-mo-nos com uma extensão de água interminável, que chegava à linha do horizonte. Parecido com aquele cenário, só mesmo o mar num dia tranquilo.
Ao afastar-mo-nos das margens começaram a surgir, do meio do nada, barcos com crianças e crianças em alguidares, acompanhados de cobras, para cobrar um 1 dollar por pousarem para um fotografia. É um choque! Acredito que qualquer ocidental tem dificuldade em entender como é que uma criança pode estar sozinha, num alguidar, no meu de um oceano de água doce. Um colisão entre realidades, um “coice” de humildade para qualquer um que conheça apenas os dramas burgueses do ocidente. Mas viajar é isto mesmo, uma procura pela diferença.
Chong Khneas, uma vila flutuante no Tonle Sap Lake
Depois de termos contemplado a imensidão do Tonle Sap Lake, de um ponto de vista mais afastado, os nossos jovens guias inverteram a direção elevaram-nos até Chong Kneas, a vila flutuante onde há tudo. Vimos restaurantes, quintas de crocodilos, lojas de artesanado, supermercados e até cães. Naquele momento o “queixo voltou a cair” quando percebemos que de facto vivem ali pessoas ali mas, mais que isso, com um estilo de vida que não imaginávamos real. Mas há algumas coisas que saltam à vista. A quantidade de crianças em barcos improvisados com alguidares, o aspeto degradado das casas e a quantidade de cestos de peixe, à esquerda e à direita. Mas todas estas coisas denotam um tom comum, que não é possível camuflar, a pobreza.
Infelizmente, com a pressão do turismo que não para de crescer em Siem Reap, o lago tem sofrido em termos ambientais, assimilando os resíduos de uma população crescente, expondo as doenças aqueles que vivem do lago. Por outro lado, a vila têm perdido a sua autenticidade, convertendo-se aos visitantes que, apesar de tudo, estimulam um pouco a pequena economia.
Quanto custa um Tour no Tonle Sap Lake
No nosso caso, que não terá sido exatamente um tour, éramos quatro e alugámos um barco por cerca de 40 dolares (R$ 170 / 36€). É verdade que já passaram alguns anos e que preço deve ter subido um pouco. Mas ainda assim, deverá ser mais barato do que um tour comprado na net e pago à cabeça. Nesse caso, as opções de tours vão dos 30€ (R$137) aos 150€ (R$690), por pessoa. Por exemplo, no portal getyourguide encontram-se as seguintes possibilidades:
- A Excursão ao pôr do sol Tonle Sap Lake e Floating Village dura quatro horas e incluí um cruzeiro pelo lago, visita à quinta dos crocodilos e o jantar no Queen Tora, o maior barco do lago. Este tour custa 35€ (R$160).
- A Excursão de ciclismo com visita a Ton Le Sap, que passa por ir de bicicleta até ao lago, visitar uma vila flutuante, os arrozais, uma escola de monges e ainda um jantar. O programa dura o dia inteiro e custa 45,20€ (R$260) por pessoa.
Existem outras opções de tours e a reserva antecipada pode prevenir algumas surpresas de última hora. Como apanhar o barco com um marinheiro de água doce que não fala inglês, filas no porto ou falta de barcos. No Getyourguide é fácil encontrar as melhores opções através do avaliação e comentários de cada tour. Podemoss consultar todas aqui as opções e, se por acaso reservarmos através do link de afiliados da Backpackers Bay, ajudamos o blog sem pagar mais por isso.
Como chegar ao porto da Floating Village
O pequeno porto fica a 12 quilómetros de Siam Reap e a viagem demora cerca de 15 minutos. Podemos ir de negociar o preço e ir de Tuktuk ou, se formos de táxi o preço estará entre o 8€ e os 11€. Os mais corajosos também podem ir de bicicleta.
Nasci em 1982, cresci no Alentejo e, depois de 7 anos a viver em Coimbra, acabei por me estabelecer no Porto, onde vivo desde 2007.
Sou formado em filosofia mas, mais recentemente, estudei marketing digital. O que aprendi neste trajeto, aliado à paixão por viajar e pela partilha de experiências, motivou a criação e está na génese da Backpackers Bay. Um espaço onde vou partilhando as minhas experiências, algumas sugestões e dicas. Com o avançar do tempo espero conseguir cobrir todos os destinos que fui visitando, como a Tailândia, a Índia, o Cambodja, a Indonésia, a Tunísia, Marrocos, Espanha, França, Inglaterra, Suiça, Alemanha, Eslovénia, Grécia, Roménia, Bulgária, Turquia, entre outros, assim como aqueles que espero visitar no futuro.
Para além das viagens, sou um apaixonado por slackline. Aproveito para vos deixar um convite/desafio para conhecerem o meu outro blog: o All About Slackline e, quem sabe, para experimentarem a modalidade.
Boa Viagem…